O coco do buriti. Guaraciama, MG. Fotografado em julho de 2009
Hoje, arrisco afirmar que um feito literário como Grande Sertões não é mais possível. O Sertão não existe mais. Minha geração foi a última a conviver com coisas próprias dos lugares específicos do mundo, foi a última a explorar. O que há é a indústria, inclusive esta a que recorro, capaz de levar um resumo de tudo a todos. Não é uma crítica, apesar de ser uma nostalgia. O sertão está do lado de dentro, o infinito pessoal.
E a respeito, a letra de Almir Sater....
Peão
Almir Sater
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira
Diga você me conhece
Eu já fui boiadeiro
Conheço essas trilhas
Quilômetro, milhas
Que vem e que vão
Pelo alto sertão
Que agora se chama
Não mais de sertão
Mas de terra vendida
Civilização
Ventos que arrombam janelas
E arrancam porteiras
Espora de prata riscando as fronteiras
Selei meu cavalo
Matula no fardo
Andando ligeiro
Um abraço apertado
E um suspiro dobrado
Não tem mais sertão
Os caminhos mudam com o tempo
Só o tempo muda um coração
Segue seu destino boiadeiro
Que a boiada foi no caminhão
A fogueira, a noite
Redes no galpão
O paiero, a moda,
O mate, a proza
A saga, a sina
O causo e onça
Tem mais não
Ô peão....
Tempos e vidas cumpridas
Pó, poeira, estrada
Estórias contidas
Nas encruzilhadas
Em noites perdidas
No meio do mundo
Mundão cabeludo
Onde tudo é floresta
E campina silvestre
Mundão "caba" não
Sabe que "prum" bom viajante
Nada é distante
"Prum" bom companheiro
Não conto dinheiro
Existe uma vida
Uma vida vivida
Sentida e sofrida
De vez por inteiro
E esse é o preço "preu" ser brasileiro
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