sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Arles e Taiti

Entre as pedras, a onça bem perto de mim.
Contato com o quê?
Com o mundo das idéias.....  Não é assim a arte? Percorre-se um caracol de lugares, encontra-se uma cesta de pessoas, soltam-se os armários e as gavetas e chega-se onde não se sabia que se queria chegar?
A vida em seu sentido mais essencial só pode existir na proximidade com a natureza, com o meio rural (porque a cidade capitalista não se sustenta).  É preciso estar perto dela para que a criatividade tenha vazão e a vida ganhe fluidez em direção ao destino.  É necessário  encontrar o caminho de Arles ou se libertar das cidades e se refugiar no Taiti para que as cores da vida possam efetivamente nascer.  Abrem-se frestas nas paredes e as idéias aparecem.

O contato com a onça foi um reencontro.  

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O sertão é sem fim
É  folha seca presa ao redemoinho
No meio da praça, sem vivente dar atenção

Sertão é sem fim
Pick up levanta poeira passa sem dar carona
Satanás segue atrás tocando viola

O sertão é sem fim
São as tramas que unem todas as gentes
Em busca uma das outras

O sertão é sem fim
Trabalho, vida e sonho

domingo, 18 de novembro de 2012

Sobre o texto “Alianças para a liberdade” e a relação entre a psicologia e o direito


“Não há possibilidade nenhuma de cadeia ser humanizada: toda cadeia, por melhor que seja – claro que nenhuma delas precisava ser tão ruim quanto é – em termos de condições materiais objetivas, vai ser sempre alguma coisa radicalmente desumana e massacradora da pessoa humana” Sérgio de Souza Verani, “Alianças para a liberdade”.

Birdy, de Alan Parker, lá nos longínquos anos 80, é a história de dois amigos, Al e Birdy, que se reencontram num manicômio do exército após uma temporada no inferno. O primeiro, com o corpo desfigurado pela guerra, procura reencontrar a própria humanidade; o segundo, em torpor catatônico, acredita ser um pássaro e passa os dias empoleirado sobre a cabeceira da cama olhando para uma nesga de céu pela pequena janela. O filme relata suas vidas em flashback e a forma verdadeiramente poética como Al e Birdy vão se encantar e se libertar. O direito e a psicologia estão no filme porque o manicômio é o lugar dos que agem sem a razão, sem as raízes plantadas no convencional. E é a assim que Al procura ajudar o amigo Birdy a sair de seu torpor e a falar qualquer coisa, ou ao menos mexer os olhos, manear a cabeça, reagir de qualquer jeito. Desesperado, desesperançado, como última tentativa leva o amigo a uma fuga claramente destinada ao insucesso.

Gostaria de dizer que a relação entre a psicologia e o direito é a mesma que há entre a liberdade e a justiça, mas não é o caso. Nunca é o caso. O objeto da ciência não é o ser humano, mas o conhecimento em si. A ciência é metalinguística. O direito surge nas cidades para enquadrar o indivíduo nas normas (que surgem para guardar a ordem necessária para se evitar o caos social e possibilitar a expansão das forças produtivas), a psicologia igualmente. A doença mental é um fato relacional: os loucos incomodam os sãos, os que trabalham. Direito e psicologia se complementam, loucos vão para as cadeias. Cadeias-manicômios, cadeias-medidas sócio-educativas, cadeias-escolas, cadeias-prozacs, cadeias-programas de televisão, cadeias-cadeias. No academicismo monolítico reinante, o direito não busca a justiça, a psicologia não busca a liberdade: ambos são instrumentos, entre as outras ciências, que a superestrutura utiliza para tornar viável a vida nas cidades.

O velho paradigmático problema de sempre é que o direito e a psicologia querem colocar pessoas, em classes pré-estabelecidas de situações problemas. Preto no branco. Somos hollywoodianos em nossas categorias, queremos super heróis e vilões (mas não como o Coringa de Heath Ledger, prá não haver confusão). O delegado e o promotor precisam dos tipos penais; o psicólogo e o psicopedagogo precisam da química e dos divãs. Ambos resolvem as questões práticas que atravessam a porta, pacificam a cidade e dão paz as almas.

O que fazer com moça bipolar, com o depressivo das grandes profundidades, com aquele que sofre do espírito?

O que fazer com o assassino, com o estuprador, com o desviado de tudo dono de todas as vontades?

Nesses casos é fácil: remédio e cadeia.

E o que fazer com o menino infrator? E com aquele que se desviou da norma empurrado pela paixão, pela fome ou pela razão? O que fazer com aqueles que não são nem tão loucos nem tão criminosos?

“Ora, faça-se a mesma coisa. Foda-se.” É o que diz a sociedade, que deseja a paz.

Aproximar a psicologia do direito é apenas fortalecer o aparato repressor da cidade, lugar de muros cada vez mais altos.

Você já assistiu Birdy? Bem, há um jeito de pular o muro.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

revolução

Na forma como está constituído, o céu só pode ser tomado de assalto

domingo, 23 de setembro de 2012

Pequeno Pássaro

I never saw a wild thing
sorry for itself.
A small bird will drop frozen dead from a bough
without ever having felt sorry for itself.

D.H. Lawrence

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A receita vai dar certo?

Ser humano é ser capaz de fazer diferenciações. Quanto mais diferenciações, maior o grau de evolução. Nada é exatamente o que parece ser, porque a relatividade é o principal pendor de qualquer pessoa. Assim, duas pessoas olham a mesma coisa e veem coisas diferentes. É Física mesmo. Os seres humanos diferenciam-se uns dos outros de acordo com as perspectivas adotadas para a observação e instrumentalização das coisas do mundo. A receita de Deus para fazer o homem é muito interessante, mas parece que algo deu errado, a receita desandou e, ao menos até aqui não está cheirando bem. Desde o século XVI a evolução do conhecimento científico tornou as sociedades europeias dominantes em relação a todas as demais. Todos os povos, em todos os lugares, foram submetidos à lógica do desenvolvimento econômico – capacidade crescente de produção e consumo – que permanece como cada vez mais fundamental em qualquer um dos mais remotos lugares que se possa imaginar. O essencial são as estatísticas.

A cultura europeia, dita ocidental, não se disseminou através do simples contato permitindo uma comparação e a adoção daquelas que seriam as melhores estratégias. Não foram relações amigáveis que a tornaram dominante, foram relações de força. É preciso ter clareza que a cultura ocidental, a visão etnocêntrica do mundo surgiu a partir de relações de poder. Os povos do planeta, um a um, foram obrigados a seguir os pontos de vista ocidental. Misgenação nunca houve, o estupro o saque e a extorsão foram a regra. Tais relações de poder, as vezes se manifestavam de forma direta, pelo extermínio físico, outras através das “missões civilizatórias” como as dos ingleses na África oriental. Mas sempre relações de poder. Vem daí o evolucionismo cultural, o eurocentrismo, e a visão etnocêntrica do mundo, segundo a qual, o adequado para se entender alguém ou a algum grupo é a partir do próprio ponto de vista.

A cultura ocidental festeja a sua plenitude, a modernização está em todas as partes. E os desastres ambientais, econômicos, sociais, familiares e individuais também. Não é necessário muito para se concluir que a civilização ocidental está “adoentada”. Não cabe citar aqui.

Onde está a visão etnocêntrica do mundo? Quem a tem? Ela está em toda a parte, é aquela lastreada num método científico que, desde Descartes, busca essencialmente ampliar a produtividade de todas as coisas, foi incorporada e é extremamente atraente e se manifesta nas menores coisas: “Conecte-se rapidamente a seus amigos, onde quer que você esteja”. Como no jeito facebook de ser, a tecnologia é sedutora. O “melhor amigo” é uma categoria na fronteira do desaparecimento. E, na velocidade das redes sociais, o outro também. Se assim for, apenas amigos curtindo uns aos outros, sem compromisso.

O assunto é problemático, porque o etnocentrismo não é sistêmico, é evolucionista. A evolução econômica, a evolução de uma linha só. Incapaz de perceber que cultura pode ser completa em si mesma, num específico contexto espacial e temporal. Não percebe a importância, a contribuição que um grupo pode ter para outro. Preocupa-se apenas com as partes e desconsidera o todo. Se tivéssemos outro planeta habitável por perto, a coisa toda até seria aceitável dentro de um ponto vista apenas econômico. Mas estamos sozinhos num planeta finito com problemas que se avolumam. Cegueira coletiva ou confiança exagerada na descoberta da dobra espacial.

Mas o pessimismo também é uma categoria eurocêntrica. Para os povos que não se norteiam pelos excedentes, pela produtividade, o mundo faz parte de um universo maior, é cíclico, é espiritual e criativo. O conhecimento do outro, a percepção das diferenças, é fundamental para o resgate da sabedoria, do conhecimento autêntico, aquele que integra os diferentes campos do saber. Integrar, como na visão de Edgar Morin, os saberes globais aos saberes locais e produzir um olhar transdisciplinar. Ser humano é fazer diferenciações, perceber as nuances. Possivelmente as respostas estão bem próximas, necessário apenas uma mudança de perspectiva. A receita, talvez, não esteja errada.

domingo, 17 de junho de 2012

METRÓPOLIS


Metropolis é uma cidade futurista (com prédios geniais, engarrafamentos nas ruas e aeronaves disputando os corredores entre os prédios) mas baseada em relações perfeitamente presentes na Europa industrial da década de 1920. Operários vivem em cidades subterrâneas, cinzentas metáforas das fábricas de padrão fordista/taylorista da época. Os donos do poder desfrutam o prazer proporcionado pelo esporte, pelo sol, e desconhecem/desconsideram/fingem não saber o que se passa do outro lado. Desde a Revolução Industrial, a humanidade vive mergulhada em um mundo que é feito para ser tecnológico ou para parecer cada vez mais científico/grandioso/asséptico (a respeito, o interessantíssimo “arquitetura da destruição”, descrevendo a importância da manifestação concreta, arquitetural, para o nazismo).

A humanidade foi mergulhada no mundo tecnológico desde etnocentrismo europeu e sua fixação por construir ferrovias por todas as partes (a missão civilizatória....). Desde então, existe uma cegueira para o óbvio. A tecnologia está acima de tudo, seu valor é indiscutível, sua importância sem medidas. Criticar a tecnologia é como olhar para o sol: ou usamos de instrumentos apropriados, instrumentos metodológicos como os criados por Marx (weber, Durkhein?), ou olhamos para a lua, que reflete a luz do sol com delicadeza – fazemos ficções metafóricas. Metrópolis se encaixa bem.

Metrópolis tem o Freder, filho do dono, que se apaixona por Maria (a Virgem Maria?), a encarnação do bem que consola os operários. Metrópolis tem Rotwang, que cria um robô feito Maria para impedir o que parecia ser uma revolução em curso. Por paradoxal que pareça, é justamente a Maria virginal que impedia a rebeldia. Ninguém aguenta sofrer o tempo todo, o consolo é necessário. Os operários não poderiam estar o tempo todo como na cena da troca de turno, sofrimento estampado na marcha cadenciada, na música triste, no ritmo lento, nas cabeças baixas, na melancolia da magreza. No mínimo, tem que haver o vinho, a prostituição, o jogo, as lutas de faca, a fé sem perguntas - a desordem sob controle. Desde Roma já se sabia da importância do Circo, já se sabia da importância da arquitetura para conquistar o respeito, a admiração – corações e mentes – dos moradores: dominar é criar desejo, é provocar paixão. No filme faz sentido a descrição de tanto sofrimento, o exagero é estratégia cênica. Aliás, marcante em todo o filme os gestos e feições exageradas, apaixonadas de todos os personagens – A falta da voz não faz diferença alguma. Temos aqui o expressionismo alemão em pura evidência.

A melhor cena do filme, a mais rica de significados, é a da alucinação. As que a antecedem mostram o operário/máquina, homens ritmados pelo movimento de eixos e engrenagens; vem então o homem que FALHA, e a explosão da máquina. Freder a imagina como um monstro que come homens, que os cospe se não pode escraviza-los. Pois bem, o método científico é preciso, máquinas não falham. Se tal coisa acontece trata-se necessariamente de um erro humano ou de coisa totalmente fora do comum – diria magia, como um monstro que come homens. Pouco antes, 2012, o Titanic, símbolo magistral da infalibilidade tecnológica, naufragou. Pouco depois, o nazismo foi numa escala maior ainda, a demonstração do que deveria ser a infalibilidade da guerra técnica. Pouquinho em seguida os físicos que tornaram possível a era atômica dormiam o sono dos justos, porque como quase todos os que se dedicam a ciência pela ciência, eram um bando de  cretinos (uma das melhores festas do nono círculo do inferno de Dante, frequentados pelo próprio senhor das trevas, é aquela onde só se convidam os cientistas – por traição:  eles te fizeram acreditar que a tecnologia é sempre boa). A FALHA, nunca é do homem. Ela é inerente a tecnologia: precisão absoluta, margem de erro zero, é cientificamente inalcançável. O que há, são as zonas de tolerância “aceitáveis”. A tecnologia traz em seu ventre, o acidente. Pode demorar, mas vai acontecer. Trens batem, aviões caem, ônibus espaciais explodem, Fukushimas e Chernobils pipocam nos tempos modernos.

Vêm então os operários inundando a cidade subterrânea sob as ordens da Maria Robô. Eles não desconfiam que ela mudou de atitude, que era outra mulher – mulher comprada, falsificada, plastificada. A metáfora é a das maquinas que colocam em risco o futuro do planeta (as suas crianças). Os operários não desconfiam de nada e seguem a farsa. Mas o inverossímel aqui seria se os operários percebessem o erro - qualquer ditador conhece o óbvio: o povo sempre aceitará qualquer coisa que lhe seja dada (o ditador é de plutão, a população é de vênus). No final, conciliação e farsa que segue. Ficaria decepcionado se umaa revolução tivesse se manifestado. Estragaria o filme, que teria se tornado exemplar para a Rússia stalinista (mas Hitler, é claro, o venerava).

Trazendo o tema primazia da tecnologia para os dias de hoje, o filme que melhor representa a tragédia tecnológica é o dos irmãos Wachowski, Matrix – o primeiro. Baudrillard não gostou da comparação, mas acho que é sim um exemplo perfeito da sociedade de controle (a estrutura de poder que evoluiu da sociedade disciplinar descrita neste filme de Fritz Lang), na qual, o homem não é mais vigiado – vigia-se a si mesmo, seduzido que está pelo mundo das coisas tecnológicas. Apenas pilhas de energia orgânica que se contentam em sonhar o tempo todo. Ah, nada como um amor após o outro. O homem é narciso.

terça-feira, 17 de abril de 2012

em busca da civilização

A humanidade essencial não é como a água, necessária todo dia, todo sempre
A humanidade essencial, quase sempre, só é percebida no final
Apesar de existir desde o início.
Birdy, do fim de minha adolescência, é assim

segunda-feira, 16 de abril de 2012

"larga seja lá o que estiver fazendo"

"larga seja lá o que estiver fazendo" não foi  proposital,  não estava senhor de minha própria razão, antes só enamorado. Foram anjos que me trouxeram o livro, foi o próprio anjo da guarda que me colocou em contato com puros sentimentos.

"larga seja lá o que estiver fazendo", porque é grande, extensa, enorme, sistêmica, diabólica a chance de estar fazendo algo sem qualquer sentido humano

"larga seja lá o que estiver fazendo", porque as redes com que tecemos o dia a dia capturam seres inocentes

"larga seja lá o que estiver fazendo", porque os dedos que dão formas aos liames do pensamento são os de uma marionete tola

"larga seja lá o que estiver fazendo", porque nada pode ser mais importante que a criança perdida no passado

"larga seja lá o que estiver fazendo", porque não se trata de coragem, mas de serenidade

"larga seja lá o que estiver fazendo", enquanto ainda há tempo

"larga seja lá o que estiver fazendo", para pegar sol

"larga seja lá o que estiver fazendo", para andar descalço

"larga seja lá o que estiver fazendo", para comer uma tangerina de verdade

"larga seja lá o que estiver fazendo", para olhar qualquer coisa do lado de fora

"larga seja lá o que estiver fazendo", para entender a essência do verbo fazer

sem aspas sem ponto dois pontos vírgula interjeição reticências

sem mais nem menos

larga seja lá o que estiver fazendo

e sai correndo

domingo, 8 de abril de 2012

Um povo nômade escolhe viver sob fronteiras

http://www.willgoto.com/1/144931/liens.aspx
Os tuaregues proclamaram a  independência do território histórico, no oeste do Mali, e criaram um novo Estado:  Azawad é o nome do recém nascido. Foi  na sexta feira, 6 de abril . Os nômades azuis lutam pela liberdade desde a independência de Mali, em 1960 e é bem possível que continuem assim. A secessão não foi reconhecida pelos demais países africanos, pela França, ex-metrópole, e menos ainda pelos EUA, acusam os islâmicos do novíssimo país de cumplicidade com a Al Qaeda.

Mas o problema maior é certamente o exemplo de um grupo que decide quebrar as regras e estabelecer a desordem. O surgimento de um novo país é sempre um risco à ordem mundial.

Pois é, as coisas como estão constituídas só podem ser tomadas de assalto.

domingo, 1 de abril de 2012

vai dar errado

filho da ordem urbana, procurava o jeito certo de fazer qualquer coisa
o fato é que no final das contas sempre dá errado.
cara, então é isso, vai dar errado!!!!
é mano, vai dar errado
errado, errado, errado.
mas não se ocupe não, o errado também dá certo
droga cara, e o que é errado?
... é o redemoinho no meio da rua
então é assim, não existe o errado, existe o inverso da ordem
ou pior, fora da ordem
qual ordem?
a ordem que te pariu!!!
erro, acerto e síntese...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

convicções

"se o universo tem um sentido, para nós ele é desconhecido e, até mesmo, inconhecível. Quanto a aventura humana, para mim, seu sentido é igualmente desconhecido. Cabe a nós dar um sentido às nossas vidas, procurando viver poeticamente, na comunhão e no amor, e resistindo à crueldade do mundo, da natureza, dos humanos. Esse deve ser nosso desenho inteligente."
 Do livro Edgar Morin - Meu Caminho - Entrevistas com Djénane Kareh Tager

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

De volta à cidade e ao sertão

A cidade é René Descartes, o sertão é Edgar Morin

segunda-feira, 31 de maio de 2010

No céu, as tangerinas

Salina em Praia Seca, Araruama, RJ, julho de 2008

Lucy In The Sky With Diamonds

Picture yourself in a boat on a river
With tangerine trees and marmalade skies
Somebody calls you, you answer quite slowly
A girl with kaleidoscope eyes

Cellophane flowers of yellow and green
Towering over your head
Look for the girl with the sun in her eyes
And she's gone

Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds

Follow her down to a bridge by a fountain
Where rocking horse people eat marshmallow pies
Everyone smiles as you drift past the flowers
That grow so incredibly high

Newspaper taxis appear on the shore
Waiting to take you away
Climb in the back with your head in the clouds
And you're gone

Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds

Picture yourself on a train in a station
With plasticine porters with looking glass ties
Suddenly someone is there at the turnstile
The girl with kaleidoscope eyes

Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds

Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds
Lucy in the sky with diamonds

Ouvi essa música pela primeira vez na voz do Elton John e, é claro gostei demais. Na adolescência fazer poesia e namorar eram quase a mesma coisa. A música dos Beatles fazia todo o sentido.

Havia uma versão desta letra traduzida por mim ou por alguém (o tempo apaga as autorias) da qual gostava muito, cuja primeira estrofe a queria mais ou menos assim:

“Olhe prá si mesmo como se estivesse em um barco num rio
Sob nuvens de tangerina e um céu de marmelada
Alguém te chama, responda lentamente,
É uma garota com olhos de caleidoscópio”


Imaginava como seria uma nuvem de tangerina, se teria cheiro, se seria mais pesada que ar, se teria a cor da tangerina. E os olhos de caleidoscópio, como seriam?

Mais tarde descobri que nuvens de tangerina podem ser vistas mesmo sem a leve substância divina. Mas é preciso acordar cedo e estar nas montanhas ou no mar, quando as estrelas se apagam e as nuvens se avermelham. É preciso ter passado a noite numa barraca, longe das coisas que importunam e aborrecem, conversado sob as estrelas e sentido algum medo ou apreensão.
É preciso ter um espírito ávido de se libertar e possuir ao menos uma moeda para pagar ao barqueiro do rio.
E é preciso ser livre e ter calma para dizer sim aos hipnóticos olhos coloridos que te observam e te aguardam.

Porque o nascer de um dia pode ser também o alvorecer da imaginação.

Nem sempre tive uma máquina fotográfica nessas ocasiões. Na foto a seguir não tinha uma nuvem, mas eu a desejo e isso é tudo o que importa.

domingo, 30 de maio de 2010

Para entrar na infância

Portão de uma fábrica fechada em Petrópolis, RJ. Maio de 2010

Este é o portão de uma fábrica fechada há muito tempo, transformada em estacionamento. Produzia tecidos antes ainda de o modelo fordista ter se afirmado como dominante no início do século XX. É muito velha. Tento imaginar como seriam os fluxos diários de entrada e saída dos milhares de operários durante o expediente.

Fiz a foto durante a noite, sem tripé, velocidade 1/15, f 5.6, iso 1600. Quis pouca nitidez porque, de alguma, forma trata-se de uma vaga lembrança. Gosto deste prédio desde minha infância, quando andava de ônibus na companhia de minha mãe.
Naquela época, como será que eu pensava?

domingo, 2 de maio de 2010

Geografia sinistra

O demônio decidiu copiar Deus e se tornar onipresente. De seu ventre maligno fez nascer o telefone celular e o espalhou pelos quatro cantos. Álcool, drogas, sexo, nada absorve tanto a atenção dos habitantes do planeta quanto esse aparelhinho de bolso. Ele forja a impressão de independência, de autonomia para se estar em qualquer lugar e ainda assim estar conectado aos outros. Engano, engano, engano, engano: é assim que se chega a uma encruzilhada e vende-se a alma ao capeta.

A telefonia celular depende para sua existência de uma vasta rede de infra-estruturas técnicas espalhadas pelo território. Não há autonomia, em vez disso, dependência. E se o indivíduo encontra o que procura, cada vez mais é ele igualmente encontrado pelos tentáculos do poder. Não está longe o dia em que algo semelhante ao celular vai ser implantado diretamente na testa de cada morador da cidade,da mesma forma que tornozeleiras e pulseiras com localizadores já são parte do cotidiano de muitos condenados americanos.

Uma das principais características da modernidade é a subordinação das pessoas ao mercado, com todos dependendo, para a sua existência material, do gigantesco aparato de produção e de distribuição de bens em que se transformou o espaço. A inovação tecnológica constante transformou-se no motor econômico das sociedades modernas. A tecnicização estendeu-se para todos os níveis de funcionamento dos territórios: desde os corpos burocráticos do Estado, passando pelas estruturas do comércio e chegando as nossas relações privadas.

Diversos são os fatores que explicam a tendência contínua para as populações e os indivíduos aderirem ao tecnicismo. O mais evidente, é a própria infra-estrutura urbana que intermedia todas as relações, seja de que tipo for. Ou por assim dizer, constituem o meio concreto para que, inclusive, o ciberespaço possa se configurar. Assim, por exemplo, uma pessoa que de manhã segue com seu automóvel através de uma via expressa, liga o rádio e descobre a situação do tráfego e as condições do tempo, consulta o mapa acoplado ao GPS e liga para o escritório para avisar de seu provável atraso, está rodeado por instrumentos tecnológicos que o levam a aceitar o tecnicismo.

Essencialmente vivemos em um meio técnico científico e informacional que é o pré-requisito físico para a criação das redes pelas quais fluem nossas múltiplas relações. O território freqüentado pelos homens não é mais o meio natural, disponibilizado pela natureza; tampouco é o meio técnico fruto da mecanização do território e que predominou até a década de 1970, antes da vulgarização dos sistemas informatizados. O meio técnico-científico informacional vai muito além. É constituído por redes que contém, dentre outros equipamentos, cabos, câmeras de vídeo e radares que, além de viabilizarem o fluxo de dados, permitem ainda a produção de informações e o controle sobre tudo o que está circulando pelo território.

As redes tecnológicas criam a subjetividade a partir de sua utilização. O indivíduo adere ao tecnicismo na medida em que usa as novas tecnologias sem qualquer questionamento. Como negar o valor da tecnologia quando os instrumentos técnicos, como o maldito celular, cujo funcionamento desconhecemos são parte cada vez mais de nossas vidas.

Ao adentrar em um prédio de escritórios, pagar as compras em um supermercado através de um cartão de débito, ou realizar uma infinidade de outras operações que estão se tornando cotidianas a todos os que, de uma forma ou de outra, se inserem nas sociedades urbanas, o indivíduo está aceitando o valor das tecnologias. As modificações são tantas que é fácil concordar com a afirmação de que a sociedade atual é a sociedade informacional.

O meio técnico-científico informacional transforma a cultura, o trabalho, o entretenimento e as relações. Namorados estão se conhecendo através de chats ou de agências virtuais; reuniões de trabalho são feitas através de teleconferências; adolescentes se reúnem em lan houses para se divertirem em games virtuais; mensagens curtas são enviadas, a qualquer hora, através dos telefones celulares; compram-se livros e passagens aéreas pela internet e importam-se máquinas fotográficas através do e-comerce internacional.

A passagem do meio técnico para o meio técnico-científico informacional não significa apenas desenvolvimento tecnológico. Tais mudanças estão diretamente associadas às atuais relações do homem com o grupo social no qual se insere. Obviamente, estão também relacionadas com a ascensão do modelo de produção flexível-sistêmico em substituição ao modo fordista de produção. Esta transição modificou o território, que sofreu um processo de cientificização, tecnicização e informacionalização que atende fundamentalmente aos interesses das grandes corporações transnacionais. O meio técnico-científico informacional é a essência da globalização. A instalação desigual das redes sobre os territórios cria diferenciações espaciais, tanto nos países centrais, como nos países periféricos.

Afirmar que as tecnologias modernas estão presentes em todas as partes, encurtando as distâncias e tornando a vida melhor é uma generalização grosseira. Tratam-se de produtos, presentes no mercado e disponíveis mediante a compra. Poucas são as situações em que o poder público disponibiliza de forma ampla os benefícios associados às tecnologias modernas. As próprias infra-estruturas territoriais apresentam-se sobre os territórios de forma muito desigual.

No decorrer do século XX, o pensamento científico conviveu com fracassos e gerou desilusões. Consideramos que as novas tecnologias são necessariamente boas porque facilitam as tarefas do dia a dia e posibilitam novas relações. Mas isto é um erro. Por estamos mergulhados num mundo tecnológico, feito peixes num aquário, não conseguimos perceber as consequências que ocorrem em lugares ou tempos distintos: Exemplos não faltam: os presídios, as favelas, as relações sociais de merda e, é claro, a degradação incontrolável do meio natural.

Será que Oppenheimer, que liderou o projeto Los Alamos e viabilizou a era atômica, tinha um sono tranqüilo?

Provavelmente tinha.

(Era um fdp)

domingo, 25 de abril de 2010

Afogados no mar da informação

Sem desconsiderar a importância de fatores institucionais, políticos ou de outra ordem, a presença de objetos tecnológicos no cotidiano social é um determinante para o processo de configuração das sociedades modernas. O tecnicismo está cada vez mais presente, tanto nas relações sociais, quanto nas de consumo, norteando o comportamento das instituições políticas, sociais e econômicas. Muitos têm sido os que insistem nesta tese.

Em “Tempos Modernos” para citar um exemplo dos mais conhecidos no campo da arte, Charles Chaplin trata de forma crítica a questão do tecnicismo na sociedade moderna. A indústria, retratada de forma satírica no filme, abusa do valor dado às inovações científicas e a tudo o que é linear e simétrico no contexto temporal (a linha de montagem). Levado à exibção em 1936, é um filme mudo produzido após o surgimento do cinema falado, o que pode servir como exemplo de que a técnica deve ser vista como um meio e que não deve obscurecer o conteúdo. Ou seja, se o tecnicismo é um caminho, ao menos não é o único caminho. Chaplin demonstrou que a sensibilidade humana pode se dar através de formas simples e que a comunicação humana eficiente não requer, necessariamente, recurso tecnológicos sempre mais modernos. O cinema neste caso é significativo porque apesar da Segunda Guerra Mundial em si mesma representar uma prova, ou ao menos um indicador, das insuficiências das sociedades industriais modernas e da ideologia do progresso a qualquer preço, as críticas ao tecnicismo restringiam-se ao campo do conhecimento filosófico.

Nos anos seguintes às guerras, embaladas pelos recursos do plano Marshall para a reconstrução européia e pela próspera indústria norte-americana do entretenimento, as populações urbanas de todo o mundo aderiram à sociedade do consumo.

Através dos tempos o conhecimento sempre esteve relacionado ao poder e ao controle sobre as populações. Mas o conhecimento científico certamente tem ampliado essa possibilidade. Na verdade, a ciência moderna, - tanto pelas teorias quanto pelas suas obras - se mostra fechada ao senso comum que não a discute nem procura entender. Quando atualmente um estudante conecta-se a um site através do computador de sua escola ele nunca se pergunta sobre a infra-estrutura que torna esse procedimento possível, nunca questiona a lógica de tudo o que vê a sua volta. Mas também aquele que realiza um exame médico ou assiste a uma aula em uma escola técnica de informática jamais chega a questionar a validade do conhecimento pelo qual está pagando.

A confiança na tecnologia é quase cega e muito raros são os que a questionam. Porque o cientista ou o técnico - através de seus instrumentos e métodos - pode ver o que os olhos humanos não conseguem.

Na realidade, sequer o cientista ou técnico preparado são capazes de ler o que seus instrumentos estão captando. Eles necessitam de softwares especializados que realizam uma intermediação entre o que as máquinas de visão captam e o que o entendimento humano é capaz de discernir. A complexidade das informações geradas pelos instrumentos de monitoramento e medição é tão grande, que a análise dos dados gerados, bem como a tomada de decisões, torna necessária a utilização de outras máquinas.

A sociedade tecnocientífica precisa dos computadores para intermediar as relações obtidas através dos diversos equipamentos de monitoramento e produção de informações. Temos, por exemplo, os satélites meteorológicos que captam imagens através dos espectros luminosos infra-vermelhos e ultra-violetas, invisíveis aos olhos humanos. A interpretação destas informações precisa, primeiramente, de uma adequada tradução realizada por softwares específicos. Isto sem falar na necessidade de gerenciamento de um volume, sempre crescente, de dados produzidos pelas grandes organizações privadas e governamentais.

Então, vamos imaginar que estamos mergulhados no mar da informação e, naturalmente, usamos cilindros de oxigênio para respirar. Sem eles, os intermediários, morremos afogados.

sábado, 24 de abril de 2010

Azul ou vermelha?

Você prefere tomar a pílula azul ou a vermelha?
A vermelha? Então sigo escrevendo sobre tecnologia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Técnicas e tecnologias

A evolução do conhecimento confunde-se com a própria história da humanidade, através de inter-relações complexas que definem a evolução de um e de outro. Mas é possível afirmar que a humanidade sempre esteve atrelada às suas técnicas. Nas áreas de pesquisa arqueológica, tão importantes ou mais que a existência de fragmentos de ossos ou esqueletos humanos, os antropólogos sempre estiveram em busca de ferramentas primitivas ou de provas de sua existência. Porque o ser humano se define também pelas técnicas que usa. No decorrer da longa história da civilização, através da observação atenta sobre os usos que se faziam das coisas da natureza, os homens foram desenvolvendo procedimentos e receitas que encurtavam os tempos necessários à realização de suas tarefas.

Se as técnicas fazem parte da alvorada da civilização, as tecnologias são mais recentes. Surgem da Revolução Científica e constituem saberes teóricos com aplicação prática. Um dos melhores exemplos, porque um dos primeiros a se transformar em instrumento científico, é a lente de aumento. Esta é um objeto técnico, conhecido desde os povos mais antigos. Já o telescópio é um objeto tecnológico porque surge a partir das leis científicas definidas pela ótica. O telescópio é científico porque sua construção pressupõe um saber científico e vai ser utilizado para a produção de mais conhecimento científico. Para substituir os sentido humanos, variáveis, falhos e insuficientes, surgem os instrumentos científicos.

A Revolução Industrial divide a história das civilizações em dois períodos. O primeiro é aquele no qual a produção econômica dependia de bases técnicas que evoluíam lentamente. O segundo, surge a partir da Revolução Industrial, com a produção econômica tornando-se estritamente vinculada aos avanços tecnológicos surgidos de tempos em tempos, proporcionando períodos de grande crescimento econômico.

A produção de tecnologias a partir da aplicação sistemática do conhecimento científico permitiu um rápido avanço nas forças produtivas e a própria expansão do sistema capitalista. O desenvolvimento da máquina a vapor e sua aplicação às indústrias e aos transportes foi uma etapa crucial no processo de expansão econômica, ocorrida a partir da Inglaterra, desde o século XVIII. Da mesma época, data a noção liberal de progresso, associada à superioridade do presente em relação ao passado e ao futuro como ideal a ser perseguido. A evolução da sociedade estaria associada ao aumento da capacidade produtiva e ao domínio sobre os elementos naturais. A Revolução Industrial inglesa apresenta ao mundo a lógica do progresso infinito, ainda que esse progresso representasse a exploração indiscriminada da natureza e do trabalho humano em favor de uma minoria.

Então é isso, progresso infinito, ainda que baseado na exploração indiscriminada da natureza e do trabalho humano em favor de uma minoria.

Muitos, dentre os quais me incluo, não toleram esta noção de desenvolvimento, onde a expansão econômica vincula-se apenas ao desenvolvimento tecnológico. É óbvio que a economia capitalista funciona como um turbilhão de permanente desintegração e mudança: um vortex fazendo com que tudo se desmanche no ar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O consenso tecnológico

“Se a verdade é o que é passível de verificação, a verdade da ciência contemporânea é menos a magnitude de um progresso que a extensão das catástrofes técnicas que provoca.
Impelida durante quase meio século à corrida armamentista da era da dissuasão entre o Leste e o Ocidente, a ciência evoluiu na perspectiva única da busca de desempenhos-limites em detrimento, da descoberta de uma verdade coerente e útil à humanidade.”

Paulo Virilio, A Bomba Informática. Ed. Estação Liberdade, São Paulo: 1999.

A alusão à ciência é um fato antigo tanto no cinema quanto na literatura. Filmes como Metrópolis, de Fritz Lang e Viagem à Lua, de Georges Méliès, ainda nas primeiras décadas do século XX, inauguraram as referências à tecnologia no cinema. Com a literatura ocorreu o mesmo, e ainda antes, com clássicos de grande destaque, como Frankenstein de Mary Shelley, e as inúmeras ficções de Júlio Verne, que incorporaram aos seus livros as narrativas de forte apelo científico.

Atualmente, são comuns os discursos que insistem que o cotidiano está sendo invadido pelos objetos e serviços de cunho marcadamente tecnológico. A tecnologia aparece cada vez mais com um dos principais traços da sociedade contemporânea e sua presença nos meios de comunicação é muito importante. Os principais representantes da tecnologia no senso comum, certamente são objetos que de alguma forma incorporam a utilização de informações ou dados. Da Internet ao telefone celular, passando pelos ipods e ipads, muito do que é considerado tecnologia faz parte do campo da comunicação.

Os conhecimentos científicos, especialmente aqueles relacionados com a informática, estão presentes em todas as partes e alteraram as formas como as sociedades se organizam. A flexibilidade sistêmica dos novos processos produtivos baseados no pós-fordismo está reorganizando os territórios, transferindo fábricas, eliminando empregos, criando novos produtos e proporcionando a formação de novos comportamentos. Determinadas áreas urbanas ganham dinamismo, outras entram em processo de estagnação. Uma série de mudanças estão ocorrendo no mundo inteiro relacionadas às novas tecnologias.

A interpretação deste processo, a expansão das tecnologias pelas sociedades contemporâneas, encontra vozes dissonantes. Alguns, como Pierre Levy, consideram a difusão das novas tecnologias como um meio eficaz para se proporcionar a democratização das sociedades.
Por outro lado muitos autores encaram o tema de uma forma muito pessimista, quase apocalíptica. Paul Virilio é um dos que alertam para os riscos inerentes a subordinação excessiva dos processos produtivos e sociais à determinação tecnológica.

O que, a princípio, parece impossível negar é que existe um consenso, uma unanimidade, quanto ao fato das novas tecnologias serem extremamente importantes nas sociedades contemporâneas. Tal premissa encontra crédito nos diversos setores da sociedade. Tanto as universidades quanto as grandes corporações econômicas e o senso comum produzem inúmeros discursos envolvendo diretamente o conhecimento dito tecnológico.

Bem, é preciso desconfiar das unanimidades. Como disse Nelson Rodrigues, elas são estúpidas.